Onde Estado falha, sociedade civil atua. Terapeuta uniu rede do bem em prol de mulheres em situação de rua
por Leandra Vianna | outrosquinhentos.com | São Paulo
É comum para você ter absorventes higiênicos todos os meses, sabonete e desodorante todos os dias? Essa não é a realidade de mais de seis milhões de mulheres brasileiras, que vivem em situação de vulnerabilidade social. No último dia 7 de outubro, o presidente Jair Bolsonaro vetou trechos do projeto de lei 4968/19, da deputada Marília Arraes (PT-PE), aprovado em agosto pela Câmara dos Deputados e em setembro pelo Senado Federal, que institui o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, que tem o objetivo de combater a precariedade menstrual – ou seja, a falta de acesso a produtos de higiene e a outros itens necessários ao período da menstruação.
Diante de mais esta triste realidade do nosso país, a terapeuta holística Claudia Marques, de 48 anos, baiana e filha de uma costureira nordestina que criou sozinha quatro filhos, após a morte do esposo, decidiu que, assim como a sua mãe, seria forte e não ficaria de braços cruzados! Claudia então reuniu amigos em uma rede do bem e decidiu criar uma rifa online, através do seu projeto Colheita Solidária, para arrecadar dinheiro e comprar kits de higiene básica para distribuir para mulheres em situação de rua da Zona Leste de São Paulo, onde vive hoje com seu marido e dois filhos.
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“Senti muita raiva, chorei, porque ninguém é de ferro! E depois fui para a ação. Eu tenho como lema o seguinte: não nutra a sua raiva com o ódio do outro. Canalize toda essa energia em uma boa ação. Eu costumo dizer que sentir raiva é bom. Nos movimenta. O problema é como lidamos com ela. Se hoje sou essa mulher ‘criada’, é porque também já fui muito acolhida por ações sociais. Sinto que a nossa luta tá só começando. Todo dia a gente acorda com um tapa na cara, todo dia a gente morre e nasce de novo! Tenho a sensação de que eles querem que sejamos eternas frutos de uma ‘fraquejada’”, desabafa.
A ação social não é novidade na vida de Cláudia. Durante essa pandemia, a artista visual já distribuiu 200 cestas básicas. “Quando a gente chega para a distribuição de alimentos, eles sempre pedem coisas como sabonete, pasta de dente. Quero colocar no kit mais algumas coisas, além dos absorventes: desodorante, pente, escova de dente, creme dental, sabonete e álcool em gel. Na última campanha que fiz, em maio, consegui arrecadar alimentos para 200 cestas básicas e entreguei na comunidade. Os voluntários da logística foram minha sogra, de 83 anos, minha mãe, de 73, marido e filhos”, conta ela.
Claudia Marques faz um importante apelo, no intuito de engajar mais pessoas nessa causa: “Empatia e solidariedade é exatamente o que essa ação busca. Se colocar no lugar dessas mulheres, que se encontram em estado de vulnerabilidade (e eu já estive nesse lugar), acolher as suas dores e entregar algo que lhes traga o mínimo de dignidade. Dar escuta, ouvir suas dores, também é um ato de solidariedade. Por isso, temos que repensar antes de falar que não temos condições de ajudar em nada. O que parece pouco, bem aplicado, é muito valioso! Abrace uma mulher, segure na sua mão, cante com ela, ofereça o seu batom, escute os seus sonhos”, finaliza.
Para saber mais sobre a ação Colheita Solidária, visite a página do Instagram e compre um número da rifa, por apenas R$ 19.99. https://www.instagram.com/p/CUxkFBbLtFr/?utm_medium=copy_link
Você também pode doar qualquer valor pela chave Pix, e-mail: colheitasolidariasim@gmail.com.
Se você é dono ou gerente de drogarias ou supermercados da Zona Leste de São Paulo e quiser abraçar essa ação, seguem os contatos no final desta matéria. Se cada um colaborar com um kit, já será de grande valia.
Quem preferir enviar uma doação física de itens, pode encaminhar para o endereço de Claudia Marques:
Travessa Sérgio Castro, 149, Jd. Paraguaçu, São Paulo/SP. CEP 03938-080
Envie o seu comprovante do Pix ou de postagem para o Whatsapp: (11) 98970-6902.
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